Grupo de mais de 40 mulheres mostra que o artesanato é mais do que arte – é união, tradição, amizade e futuro para a comunidade

Camapuã descobriu recentemente um talento que sempre esteve presente, mas que agora ganha força e visibilidade. Um grupo formado por mais de 40 mulheres decidiu unir esforços e mostrar à cidade que o artesanato não é apenas uma atividade manual, mas um verdadeiro patrimônio cultural e humano. O coletivo nasceu de uma conversa simples, mas carregada de significado:
“Eu estava falando sobre artesanato com o secretário de Cultura, o Girsel da Viola, e ele nos deu a ideia de criar um grupo para aproximar as artesãs. Foi então que tudo começou a tomar forma”, relembra Joiciele Alves, representante do grupo.
A iniciativa, que nasceu de forma despretensiosa, se transformou em um espaço de apoio, aprendizado e amizade. “O que mais nos fortaleceu foi o empenho de cada artesã e a forma como nos respeitamos. Mesmo que muitas façam crochê, ninguém desmerece o trabalho da outra. Cada tapete, cada peça tem sua identidade, suas cores, seu estilo. Em vez de competir, nos apoiamos e isso faz toda a diferença”, conta Joiciele, emocionada.

A primeira grande oportunidade de mostrar os trabalhos surgiu em 2024, com a feira organizada no Bazar Maricota. Foi um divisor de águas para o grupo:
“Percebemos que organizar uma feira exige muito esforço, não dá para fazer sozinha. Mas também vimos que quando nos unimos conseguimos resultados incríveis. O público abraçou a ideia e isso nos deu ainda mais motivação”, relembra. No ano seguinte, durante o Festival da Canção, elas voltaram a expor suas criações. “Aprendemos que não podemos desistir. As pessoas ainda não estão acostumadas com feiras frequentes em Camapuã, mas acreditamos no que fazemos e queremos continuar.”
A diversidade de talentos dentro do grupo impressiona. Tapetes e roupas de crochê, amigurumis, bolsas, bordados em máquina, biscuit, reciclagem de madeira, bordados de pedrarias em cuias e taças, tapetes de retalhos, canecas e camisetas personalizadas são apenas alguns exemplos do que já foi produzido e exibido:
“Cada peça carrega uma história. Um tapete pode durar mais de 20 anos, atravessando gerações. Uma roupinha de crochê usada por um bebê décadas atrás pode ser usada hoje pelo filho ou pelo neto. Isso mostra que o artesanato é mais do que objeto: é memória, é carinho transformado em arte”, descreve Joiciele.

O impacto do grupo vai além da produção. Os encontros se tornaram momentos de acolhimento. “Quando nos reunimos, não falamos apenas de vendas. Conversamos, trocamos experiências, damos risadas, dividimos dificuldades e aprendemos umas com as outras. É um espaço de amizade, e isso nos dá força para continuar”, explica.
Esse fortalecimento também envolve as famílias. “Na última feira, vi maridos ajudando a montar as barracas, organizar as peças, dar apoio. Foi emocionante perceber que o nosso trabalho envolve a todos. Não são só as artesãs, mas também os familiares, que acreditam e incentivam. Isso nos motiva ainda mais”, ressalta Josiele.
A representante também enxerga no artesanato um potencial de desenvolvimento para Camapuã. “Nossa cidade é histórica, rota das Monções. Imagine uma feira permanente, com artesanato, música e gastronomia. Seria um espaço de lazer, um ponto turístico e também uma forma de movimentar a economia local. Temos tudo para que isso aconteça e queremos contribuir com a cidade dessa forma”, projeta.
Segundo ela, já existem planos para novas feiras e parcerias em andamento. “Ficamos felizes porque não estamos sozinhas. Temos parceiros, comerciantes e pessoas que acreditam em nós e nos convidam para eventos. Isso mostra que estamos no caminho certo. O artesanato de Camapuã merece ser visto e valorizado, e estamos trabalhando para isso”, afirma.

Mas para além da visibilidade, o que o grupo deseja é que as pessoas entendam a essência do que é produzido. “Quando alguém compra uma peça, não leva só um produto. Leva o tempo da artesã, a paciência, o cuidado em cada detalhe. Leva uma parte da nossa história. Isso não tem preço, porque é algo feito com amor e dedicação”, reflete Joiciele.
Ao olhar para trás, a representante se orgulha do que foi construído em tão pouco tempo. “A gente começou apenas para se aproximar, trocar ideias, e hoje já mostramos para a cidade que o artesanato é uma riqueza. Queremos que Camapuã se orgulhe de nós, porque aqui existem mulheres talentosas, que criam coisas lindas e colocam sentimento em cada peça”, afirma.
Com emoção na voz, Joiciele resume o espírito do grupo: “Não estamos apenas vendendo artesanato, estamos contando histórias, estamos levando carinho para as casas, estamos construindo memórias. O que fazemos é vida, é cultura, é amor transformado em arte.”