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Foco de incêndio na Bolívia, próximo à fronteira, coloca o Pantanal em alerta

Mesmo sem chuvas há dois meses, bioma concentra mais água do que em anos anteriores

Imagem do fogo na Bolívia transmitida pelo sistema de monitoramento do IHP. Foto; Divulgação

Enquanto o Rio Paraguai dá sinais de vazão na régua de Ladário – ponto referencial para medir a dinâmica hídrica da bacia -, um foco de queimada na Bolívia detectado na terça-feira à noite, próximo à fronteira com Corumbá, na Serra do Amolar, colocou em alerta as autoridades, órgãos de combate aos incêndios no Pantanal e organizações não governamentais.

A linha do fogo, numa extensão de cinco quilômetros, foi registrada pelo sistema Pantera, uma plataforma de monitoramento instalada pela ONG Instituto Homem Pantaneiro (IHP), que identifica sinais de fumaça e opera com o uso de inteligência artificial, cobrindo toda a região do Amolar. Estimou-se que o foco estava a cerca de 15 quilômetros da fronteira.

Embora novas imagens da antena tenham apresentado uma redução das chamas até o final do dia de ontem, 30, o registro é um indicativo de que o período de queimadas está se aproximando na região, onde o fogo foi intenso no ano passado, devastando milhares de hectares em áreas de conservação ambiental e propriedades privadas, em Corumbá.

Mais água, menos fogo – O IHP divulgou que uma das possibilidades que motivou a redução desse fogo do lado boliviano seria a barreira de uma área alagada, que fica entre a Lagoa Mandioré e a região de floresta que estava sendo atingida. Como medida de prevenção, a Ong, que tem sede em Corumbá, comunicou o fato ao Prevfogo (Ibama) e instituições bolivianas.

Este ano, a Serra do Amolar, uma das regiões mais belas e preservadas do bioma, distante 200 km ao Norte da Capital do Pantanal, deverá ser menos impactada com as queimadas. O aumento do volume de água na planície, em relação aos anos anteriores, com formação de extensas áreas inundadas, deverá ser uma barreira de proteção à propagação do fogo.

“Eu sigo otimista, acho que ainda tem muita água, mesmo com a vazão, e, lógico, fatores climáticos”, analisa Ângelo Rabelo, presidente do IHP. “Alta temperatura e baixa umidade podem contribuir, mas quero crer que, pelo encharcamento de muitas áreas, certamente, se houver focos de queimadas, eles serão muito localizados e pontuais.”

Os pantaneiros do entorno da serra também têm a mesma avaliação, apontando como diferencial em relação aos anos anteriores o fato de ainda haver muita água acumulada, apesar de os rios estarem baixando. “Vai depender muito das ventanias, vento sul, frio, seca e vento norte forte trazendo bruma seca”, aponta Armando Lacerda, do Porto São Pedro.

Na régua de Ladário, depois de atingir 3,31m e se manter 17 dias estacionado em 3,30m – um fato raro na medição fluviométrica centenária da bacia –, o Rio Paraguai entrou em vazão e nesta quinta-feira registrou 3,29m. A Nhecolândia, região de influência dessa régua, pegou menos chuvas do que a parte alta (Amolar) e a seca já se acentua, com riscos iminentes à ignição espontânea ou criminosa.

“Com a chegada desse frio e vento, a vazão será mais rápida, situação que preocupa”, informa Luciano Leite, ex-presidente do Sindicato Rural Corumbá.

O que também deixa os pantaneiros apreensivos é a não construção das pistas asfaltadas para tornar mais eficiente o combate aéreo ao fogo. O Governo do Estado anunciou, em fevereiro, a implantação de bases na Nhecolândia e no Amolar, com abastecimento de água e combustível para os aviões Air Tractor. Porém, a prefeitura de Corumbá ainda não liberou as licenças ambientais.

Fonte: CampoGrande News

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