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Especialista em trânsito denuncia riscos na “curva da morte” da BR-060 e protocola pedido de intervenção ao DNIT

Trecho perigoso entre Camapuã e Paraíso das Águas já vitimou diversos motoristas. O último foi um jovem corumbaense de 21 anos. Edson Pimentel, observador certificado em segurança viária, falou com exclusividade ao Navega MS e cobrou providências urgentes.

Jovem de 21 anos perde a vida na curva da morte. Imagem/BNC News
Camapuã (MS) – Conhecida como a “curva da morte”, um trecho da BR-060, entre Camapuã e Paraíso das Águas, segue tirando vidas em acidentes frequentes e muitas vezes fatais. O caso mais recente envolveu um jovem corumbaense de 21 anos, reacendendo a preocupação de moradores e especialistas sobre a segurança da rodovia. Em entrevista exclusiva ao Navega MS, o especialista em trânsito Edson Pimentel, que também é observador certificado pelo Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV) e diretor do Departamento Municipal de Trânsito de Camapuã, visitou o local e protocolou um pedido de intervenção formal junto ao DNIT.
“Não precisa ser especialista para perceber os riscos. A inclinação da pista, a ausência de acostamento e a falta de sinalização contribuem diretamente para a alta frequência e gravidade dos acidentes ali”, afirmou.
Segundo Pimentel, o trecho é de pista simples, sem acostamento, com curva acentuada logo após uma reta em declive, tornando-o especialmente perigoso para quem não conhece a rodovia — ou trafega em alta velocidade.
“A falha humana é inevitável. Só Deus não falha. E, se ela é inevitável, a rodovia precisa ser preparada para perdoar esses erros. O motorista não pode pagar com a vida por uma falha humana”, disse.

Responsabilidade objetiva do DNIT

Edson esteve no local logo na segunda semana de julho e encontrou técnicos do DNIT já realizando observações. Segundo ele, a responsabilidade pela manutenção e segurança da via é objetiva, ou seja, o órgão federal não pode alegar falta de recursos ou justificativas técnicas para não agir.
“Responsabilidade objetiva significa que o órgão rodoviário é responsável pelo que ocorrer ali, por falha, por falta de manutenção, por não tomar providências necessárias. Não existe justificativa que isente o DNIT dessa obrigação. Isso é inaceitável.”
O especialista também destacou uma contradição na infraestrutura da BR-060: trechos entre Camapuã e a divisa possuem acostamento, mas a partir dali, sentido Paraíso das Águas, não há estrutura mínima para absorver eventuais desvios ou falhas dos condutores.
“Se o motorista cochilar, se sair um pouco da pista, não há nenhuma margem de segurança. Não há acostamento. Não há chance. E volto a dizer: a falha humana é esperada. A via precisa perdoar”, reforçou.

Oficialização do pedido e expectativa de resposta

Embora ainda não tenha obtido uma resposta oficial, Edson afirmou que está formalizando a demanda ao DNIT com urgência.
“Estive no local na segunda semana de julho. Agora vamos protocolar oficialmente o pedido, com detalhamento técnico das intervenções necessárias. Também esperamos envolver a PRF, que pode fornecer estatísticas dos sinistros no local. Mas, sinceramente, uma vida já basta para justificar qualquer investimento. E nós já perdemos várias.
Dois camapuanenses já morreram este ano nesse mesmo ponto, além do jovem corumbaense recentemente. Pimentel questiona até quando vidas continuarão sendo perdidas.
Imagem/MS Todo Dia
“Até quando? Qual o limite para agir?”

Intervenções propostas

O especialista propõe uma série de medidas urgentes:
•Placas de advertência com mensagens auxiliares como “Curva Perigosa”;
•Tachões reflexivos, para maior visibilidade em noites e neblina;
•Defensas metálicas, para impedir que veículos saiam da pista;
•Redutores de velocidade e sinalização de regulamentação (R-19);
•Estudo para implantação de acostamento;
•Intervenções baseadas no conceito de Rodovias que perdoam, que consideram a falibilidade humana no planejamento das vias.
“Inclusive, um colega chegou a sugerir uma intervenção por conta própria. Eu desaconselhei. Isso é competência do DNIT, que é o órgão executivo rodoviário federal. Nós, como autoridades de trânsito municipais, não podemos agir em rodovia federal diretamente.”
Visão Zero e ações globais
A abordagem defendida por Edson Pimentel está alinhada ao programa internacional Visão Zero, que busca reduzir a zero o número de mortes no trânsito, mesmo que os sinistros ainda ocorram.
“Queremos rodovias que perdoam. Ainda pode haver acidentes, mas não mortes. Isso é o que prevê também a ação global da ONU, que tem como meta, entre 2020 e 2030, reduzir em pelo menos 50% as mortes e ferimentos graves no trânsito. O Brasil é signatário dessa meta. Precisamos cumprir.”
Último alerta aos motoristas
Por fim, Edson faz um apelo aos motoristas que trafegam pelo trecho:
“A curva tem tendência à força centrífuga no sentido Paraíso das Águas, mas a maioria dos veículos tem capotado para dentro, com força centrípeta. Isso mostra que estão freando forte demais já dentro da curva, o que é fatal. Se não houver intervenção rápida, a próxima tragédia pode ser questão de dias.”
Marcações:

1 comentário em “Especialista em trânsito denuncia riscos na “curva da morte” da BR-060 e protocola pedido de intervenção ao DNIT”

  1. Parabéns pela iniciativa!!! Uma pena que ela não tenha sido tomada antes, pois teria evitado diversas fatalidades. Mas antes tarde do que nunca!!!!
    Vemos esse tipo de situação dentro das cidades também, cruzamentos que fazem vítimas quase que diariamente. E o poder público, órgão de segurança não se movem. Precisamos trabalhar mais na prevenção do que no atendimento final. Como socorrista, ficamos tristes com certas situações que atendemos e observamos que um simples redutor de velocidade, faixa elevada, quebra molas, poderia ter evitado a perca de uma vida.

    Mais atitudes como essa precisam ser tomadas…

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