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Sérgio Longen alerta: isenção de IR é estratégia eleitoral antecipada
Presidente da Fiems critica proposta de isenção do Imposto de Renda e alerta para riscos econômicos e fiscais
Sérgio Longen alerta: isenção de IR é estratégia eleitoral antecipada. Imagem/TVE
Por Kelly Ventorim
O empresário e presidente da Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul (Fiems), Sérgio Longen, publicou um artigo contundente no qual critica a proposta do governo Lula de ampliar a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. Segundo ele, mais do que um alívio fiscal para os trabalhadores, a medida tem um claro viés eleitoreiro, antecipando debates que deveriam ser conduzidos com responsabilidade fiscal e de forma equilibrada.
O Projeto de Lei 1087/2025, que estabelece a nova isenção, surge em um momento delicado para o governo. Pesquisas recentes indicam um aumento significativo da reprovação de Lula, o que acendeu um alerta no Palácio do Planalto. Para Longen, essa movimentação do governo é uma resposta direta ao desgaste político, uma forma de acenar para a classe média com um alívio tributário enquanto ignora os impactos reais da medida sobre as contas públicas e a economia.
Populismo fiscal e impacto econômico
No artigo, Longen destaca um ponto crucial: a isenção do IR não vem sem custos. Para compensar a perda de arrecadação, a proposta prevê a criação de um “imposto mínimo para altas rendas”, o que, na prática, não reduz a carga tributária do país, mas apenas redistribui o peso dos impostos. Ou seja, enquanto uma parte da população recebe o benefício da isenção, outra terá de arcar com o ônus.
Além disso, o empresário alerta que a isenção só entraria em vigor em janeiro de 2026, ano eleitoral, o que reforça a tese de que a proposta é menos uma ação econômica estruturada e mais uma promessa de campanha disfarçada de política pública. Esse tipo de medida, segundo Longen, pode agravar ainda mais a situação fiscal do país, levando a um aumento da inflação, da carga tributária e dos juros, afetando diretamente o setor produtivo e o crescimento econômico.
“O aumento dos gastos precisa ser financiado de alguma forma. Se o governo não controlar suas despesas, quem pagará a conta serão os brasileiros, seja por meio do aumento da carga tributária, seja pela alta dos juros, impactando negativamente o setor produtivo e a economia como um todo”, argumenta o presidente da Fiems.
Longen enfatiza que essa política não resolve os problemas estruturais do país e que o verdadeiro caminho para aliviar o peso dos impostos sobre os trabalhadores seria reduzir os gastos públicos desnecessários e implementar uma reforma tributária justa, que beneficie toda a sociedade e não apenas parte dela de maneira eleitoreira.
O alerta do setor produtivo
A proposta do governo também preocupa o setor produtivo, que já sofre com os efeitos da alta dos juros e da carga tributária excessiva. Empresários que investiram apostando em um cenário de estabilidade econômica agora se veem diante de um ambiente de incerteza, no qual medidas fiscais imprevisíveis podem comprometer o crescimento das empresas e a geração de empregos.
Longen reforça que qualquer alteração na tributação deve ser feita com transparência, planejamento e responsabilidade fiscal, e não como uma ferramenta de marketing político. Ele cobra do Congresso Nacional um posicionamento firme para impedir que medidas populistas comprometam ainda mais o equilíbrio das contas públicas e prejudiquem o desenvolvimento econômico do país.
Custo futuro para o Brasil
O alerta do presidente da Fiems é claro: sem um planejamento sólido e cortes de gastos eficientes, a conta dessa isenção cairá no colo dos brasileiros. Se a proposta for aprovada sem contrapartidas fiscais responsáveis, o país pode enfrentar um cenário de inflação descontrolada, juros ainda mais elevados e um impacto negativo no setor produtivo, dificultando investimentos e a geração de empregos.
“O setor produtivo de Mato Grosso do Sul está atento: qualquer isenção de impostos sem o devido equilíbrio nas contas públicas resultará, inevitavelmente, em um custo maior no futuro”, conclui Longen.
Agora, cabe ao Congresso decidir se seguirá esse alerta ou se permitirá que mais uma medida populista comprometa a economia do Brasil.