No mês de março, tradicionalmente dedicado às celebrações do Dia Internacional da Mulher, a senadora Soraya Thronicke trouxe uma reflexão provocativa ao debate público. Em seu discurso, ela questionou a eficácia das comemorações e alertou para o que chamou de “Mês da Distração”, sugerindo que flores e eventos festivos podem mascarar a realidade das desigualdades enfrentadas pelas mulheres brasileiras.

Representação Política: Um Espaço Ainda Restrito
Apesar de as mulheres representarem a maioria da população brasileira, sua presença nos cargos eletivos ainda é mínima. Apenas 12% das prefeituras são comandadas por mulheres, e, entre as capitais, somente uma tem uma mulher no comando. O cenário é ainda mais crítico para mulheres negras, que ocupam uma parcela ínfima dos cargos políticos no país. Essa sub-representação reflete um sistema ainda pouco acessível para a participação feminina, seja por falta de incentivos, barreiras partidárias ou mesmo pela perpetuação de uma cultura política predominantemente masculina.
Feminicídio: Números Alarmantes
A violência contra a mulher segue crescendo no Brasil, com índices de feminicídio cada vez mais preocupantes. Nos últimos anos, o número de mulheres assassinadas por razões de gênero aumentou drasticamente, evidenciando a fragilidade das políticas de proteção e o avanço de um cenário de impunidade. Enquanto discursos de celebração enchem o mês de março, mulheres continuam sendo vítimas de um sistema que falha em garantir sua segurança.
Desigualdade Salarial: Um Abismo Persistente
A diferença salarial entre homens e mulheres permanece gritante. Mulheres ganham, em média, 77% do que os homens recebem, mesmo ocupando cargos de mesma função e qualificação. A situação se agrava ainda mais quando se observa a realidade das mulheres negras, que recebem praticamente metade do que homens brancos ganham. Essa disparidade reflete não apenas preconceitos estruturais, mas também a falta de políticas efetivas para reduzir essa desigualdade.
Reflexão Necessária
A provocação da senadora Soraya Thronicke nos convida a repensar as celebrações do mês de março. Mais do que flores e homenagens, é urgente uma mobilização real para enfrentar as desigualdades estruturais que ainda assolam as mulheres no Brasil. Transformar o “Mês da Distração” em um período de ação concreta pode ser o primeiro passo para mudanças significativas na luta pela igualdade de gênero no país.
Por: Kelly Ventorim