Artistas de Camapuã e Mato Grosso levaram a Catira ao palco na abertura da 24ª edição do festival, encantando Margareth Menezes e o público

O músico camapuanense Girsel da Viola e os dançarinos mato-grossenses Irmãos Diamante protagonizaram um momento especial na abertura da 24ª edição do Festival de Inverno de Bonito (FIB), realizada na última quarta-feira, 20 de agosto. Os artistas levaram a Catira para o palco e se apresentaram diante da ministra da Cultura, Margareth Menezes, que prestigiou a solenidade de abertura e acompanhou a performance que destacou a força das tradições regionais.
Além da apresentação, Girsel ministrou uma oficina de Viola Caipira na quinta-feira (21) e participou da oficina de Ritmo da Catira na sexta-feira (22), em parceria com a pesquisadora cultural Ariane Rodrigues. O músico destacou que o trabalho realizado no festival resgata diferentes modelos da Catira praticados no Brasil, citando referências de estados como São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Girsel também lembrou a origem histórica da dança, que remonta ao século XVI, quando padres jesuítas catequizaram indígenas Caiapó em Camapuã e introduziram instrumentos como a viela. A tradição nasceu da fusão de ritmos indígenas, africanos e europeus, dando forma ao que hoje é reconhecido como Catira. “Esse movimento deu origem ao que futuramente se tornaria o nosso Catira, uma tradição que representa a história e a identidade cultural do Mato Grosso do Sul”, ressaltou.
O convite para a apresentação diante da ministra foi recebido com entusiasmo. “Eles disseram: ‘Girsel e os meninos da Catira, a ministra vai estar aqui. Vamos fazer um Catira para a ministra?’ Eu respondi:
‘Claro, nós estamos aqui em Bonito para dançar Catira dois, cinco ou dez dias, tanto faz’”, disse Girsel, emocionado com o reconhecimento.

Ariane Rodrigues, sócia fundadora da Associação dos Catirenses de Camapuã e agente dos artistas, destacou que a Catira é mais do que uma dança: é também uma forma de valorizar a cultura e aproximar os jovens da história. “Queremos mostrar que é melhor uma criança dançar e tocar viola do que ficar apenas no celular, vivendo em um mundo abstrato. A Catira é um resgate cultural importante e queremos encantar as novas gerações, deixando um legado que possa ser transmitido no futuro”, afirmou, reforçando o desejo de ampliar o espaço da manifestação em edições futuras do festival.

A apresentação de Girsel da Viola e dos Irmãos Diamante emocionou o público e reforçou a importância de manter viva a cultura tradicional no estado, conectando passado e presente em um dos eventos mais importantes do calendário cultural do Mato Grosso do Sul.