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Camapuanense é destaque na Forbes por usar tecnologia para revolucionar o acesso ao braille no Brasil

Nágila Seidenstucker, formada em Filosofia e programadora autodidata, emociona o país com seu trabalho inovador voltado à acessibilidade e enche Camapuã de orgulho

Reprodução/LinkedIn

A trajetória de Nágila Seidenstucker, que hoje brilha nas páginas da revista Forbes, começou bem longe dos grandes centros tecnológicos. Nascida em Camapuã, no interior de Mato Grosso do Sul, Nágila estudou na Escola Estadual Camilo Bonfim e, desde cedo, demonstrava curiosidade, sensibilidade e uma vontade de fazer a diferença. Hoje, ela é supervisora de Desenvolvimento de Sistemas e Inovação da Fundação Dorina Nowill para Cegos, onde usa a tecnologia para revolucionar a produção de materiais em braille no Brasil.

Formada em Filosofia pela UFMS, Nágila jamais imaginou que trabalharia com tecnologia — muito menos que se tornaria um dos nomes em evidência no cenário da inovação social no país. Sua entrada no mundo da acessibilidade aconteceu “por acaso”, quando foi indicada para atuar no CAP (Centro de Apoio Pedagógico) para pessoas com deficiência visual. Lá, mergulhou no universo do braille, se encantou e decidiu aprender programação por conta própria, com apoio do marido, desenvolvedor de software.

“É tudo meio na gambiarra”, conta Nágila ao descrever os desafios enfrentados pelas editoras braille no Brasil. A ausência de ferramentas adequadas e a adaptação manual dos livros despertaram nela a vontade de usar a tecnologia para mudar esse cenário.

Hoje, ela lidera a criação da Plataforma Braille, um sistema que automatiza a transcrição de conteúdos para o formato acessível — da linearização à impressão. A solução tem potencial para acelerar e padronizar a produção de livros didáticos e outros materiais, beneficiando principalmente crianças cegas e escolas públicas.

Nágila também participa do desenvolvimento de inteligência artificial para gerar audiodescrição de imagens e coordena grupos de estudo para a tradução de gráficos, tabelas e mapas para o braille — um desafio ainda maior dentro do campo da acessibilidade.

“Quando começamos a resolver essas questões, os editores ficam mais felizes e mais atentos. O livro sai mais rápido e com mais qualidade. Consequentemente, ele chega mais rápido às crianças”, explica. Para ela, o maior ganho da tecnologia é dar tempo para que as pessoas pensem em acessibilidade com profundidade, e não apenas em execução mecânica. “O tempo que antes a gente usava para colocar manualmente pontinho por pontinho, agora usamos para pensar em como transformar aquele material em algo acessível”, completa.

Nágila foi destaque na edição desta segunda-feira (29) da Forbes Brasil, que reconheceu o trabalho transformador da jovem camapuanense. Sua história ganhou visibilidade nacional e emociona especialmente quem vive em Camapuã.

Ao Navega MS, a mãe de Nágila, Noêmia Fernandes Mesquita, contou que o sentimento é de orgulho profundo:

“Ela é dedicada, sempre buscou ajudar as pessoas. Ver meu sobrenome na Forbes, por causa da minha filha, é uma emoção que não tem explicação. Eu estou muito orgulhosa.”

Hoje, Nágila mora em São Paulo, mas carrega no coração as raízes camapuanenses e o desejo de fazer mais. Com cerca de 6,5 milhões de brasileiros com deficiência visual, segundo o IBGE, ela sabe que cada avanço tecnológico pode representar uma mudança real na vida de milhares de pessoas.

De Camapuã para o Brasil, Nágila mostra que acessibilidade e inovação podem — e devem — andar juntas. E mais do que isso: mostra que mesmo vindo de uma cidade pequena, é possível impactar o mundo com empatia, coragem e inteligência.

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