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Bruna Campos expõe crise nos bastidores da música: compositores e artistas em conflito pela regravação de canções

Regravações em Crise: Compositores cobram, artistas reclamam e streaming lucra

Bruna Campos expõe crise nos bastidores da música

 

Por Kelly Ventorim

A crise nos bastidores da indústria musical tem um novo foco: a cobrança por regravações de músicas antigas. A cantora, compositora e especialista em direitos autorais Bruna Campos, uma das maiores referências do país no tema, trouxe à tona um impasse que vem tensionando a relação entre artistas e compositores.

Bruna, que além de atuar na área musical também tem formação em Direito e Jornalismo, comanda a HIPERHIT e a Rede Pura Editora, onde auxilia compositores na gestão de seus catálogos. Em sua mais recente manifestação, ela explicou como a mudança na forma de remuneração dos direitos autorais levou os compositores a cobrarem valores antecipados para permitir a regravação de suas músicas – algo que, no passado, era liberado gratuitamente ou a preços simbólicos.

O Que Mudou na Indústria?

Segundo Bruna, o mercado sofreu uma transformação profunda com a transição da venda de CDs e DVDs para o digital. Antes, os compositores recebiam sua parte diretamente da venda de produtos físicos e da arrecadação em rádios. No entanto, com o crescimento das plataformas de streaming, os pagamentos passaram a ser diluídos em valores ínfimos. “Hoje, uma música que bate 100 milhões de reproduções pode render ao compositor algo em torno de R$ 6 mil”, denuncia.

Essa desvalorização fez com que os compositores passassem a cobrar antecipadamente pelas regravações. Hoje, é comum que os valores fiquem entre R$ 2 mil e R$ 5 mil por música, o que pode elevar o custo de um projeto de regravações para algo entre R$ 40 mil e R$ 100 mil.

A Reação dos Artistas

Muitos artistas, segundo Bruna, veem essa cobrança como abusiva. Eles argumentam que regravar músicas antigas seria, na verdade, um favor aos compositores, já que daria uma nova vida a canções esquecidas. No entanto, do outro lado, os compositores alegam que não podem mais se dar ao luxo de liberar obras sem uma compensação justa, já que a monetização do streaming não é suficiente para manter suas carreiras.

O embate tem gerado um ambiente hostil nos bastidores. “Os artistas reclamam que os compositores só pensam em dinheiro, enquanto os compositores acusam os artistas de quererem lucrar sem pagar pelo trabalho intelectual”, explica Bruna.

O Verdadeiro Vilão

Para a especialista, o problema real não está nem nos compositores nem nos artistas, mas sim nas plataformas digitais. Ela critica a falta de transparência nos contratos e a disparidade entre os lucros das grandes empresas de streaming e o repasse que chega aos criadores de conteúdo musical. “O Spotify e outras plataformas anunciam recordes de faturamento, mas ninguém está conseguindo viver desse dinheiro, nem os artistas, nem os compositores.”

Bruna também alerta para o risco de um cenário ainda pior. Compositores podem acabar sendo deixados de lado, e os artistas podem passar a regravar músicas sem autorização, forçando os donos dos direitos autorais a recorrerem à justiça para garantir remuneração. “Se continuar assim, os compositores vão ter que contratar advogados para processar os artistas, porque ninguém mais vai querer pagar pelas regravações.”

Um Futuro Incerto

A situação gera um impasse difícil de resolver. Os compositores precisam ser remunerados de forma justa, mas os artistas também não podem arcar com valores que inviabilizem seus projetos. Enquanto isso, as grandes plataformas seguem lucrando sem oferecer condições adequadas para os profissionais da música.

Bruna Campos, que há anos trabalha para defender os direitos dos compositores, pede que o tema seja amplamente debatido. “Precisamos parar de brigar entre nós e cobrar das plataformas e das entidades que deveriam nos representar. Caso contrário, o mercado musical brasileiro pode se tornar insustentável.”

A fala contundente da especialista reforça um problema que precisa de solução urgente. Até que isso aconteça, a guerra entre compositores e artistas deve continuar – e a música brasileira segue sendo a maior prejudicada.

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