Cansados de microgerenciamento, jornadas exaustivas e líderes que confundem autoridade com autoritarismo, jovens de 18 a 24 anos estão batendo o crachá na mesa e saindo pela porta da frente – por vontade própria. Em MS, esse recado tem nome, dados e um aviso claro: ou muda o ambiente, ou muda a equipe

Eles chegam cheios de gás, currículo na nuvem e discurso afiado. Mas não se engane: não estão atrás apenas de um contracheque. Querem propósito, querem espaço, querem ser ouvidos. E quando percebem que entraram num cenário de série ruim, com chefe tirano e reuniões sem alma… saem.
O fenômeno tem nome: demissão por vingança. Um “tô indo embora” que diz mais do que um e-mail formal. É o grito de quem não aguenta mais ser silenciado. É o protesto de quem aprendeu cedo que saúde mental vale mais que VR. E em Mato Grosso do Sul, esse movimento vem crescendo como fogo em capim seco.
Dados do IBGE revelam que jovens de 18 a 24 anos lideram o desemprego no estado, com uma taxa de 17,3%. Mas o dado mais inquietante é o que não aparece nos gráficos: muitos desses jovens escolheram sair. Sim, escolheram. Sem outro emprego engatilhado, sem medo, mas com convicção.
A Geração Z demite empresas, não o contrário. E não é por birra — é por limites. Pesquisa recente do G1 mostra que 1 em cada 4 jovens brasileiros já pediu demissão por esgotamento emocional. A palavra da vez? Chega.
No MS, onde o agronegócio domina e o setor de serviços absorve a mão de obra jovem com salários enxutos e pouca perspectiva, o abismo entre expectativas e realidade é um soco. De um lado, gestores que repetem frases como “Na minha época…”. Do outro, uma geração que responde: “Pois é, agora é a nossa.”
A especialista Gabriela Onofre, da consultoria The Human Perspectives, é direta:
“A geração Z não tem medo de pedir demissão. Eles não se sujeitam a ambientes tóxicos ou a empresas que não conversam com seus valores. Essa é uma geração que coloca saúde mental e propósito acima da estabilidade.”
Enquanto isso, o mercado esperneia. Reclama da “falta de resiliência”, da “geração floco de neve”. Mas ignora a real previsão do tempo: estamos diante de uma juventude que não aceita mais trabalhar com medo, nem ser gerida por planilhas que não contam histórias.
E aí, Mato Grosso do Sul? Está pronto para se tornar um ambiente onde talento jovem não só entra — mas fica?