Moradores afetados pelo rompimento da barragem contestam decisão e criticam valores das indenizações

A Justiça de Mato Grosso do Sul determinou o desbloqueio de R$ 35 milhões em bens das empresas responsáveis pelo loteamento Nasa Park, em Bandeirantes. O bloqueio havia sido imposto após o rompimento da barragem do condomínio, em agosto de 2024, que devastou uma área de 30 quilômetros em Jaraguari, arrastando casas e plantações.
A decisão, assinada pelo juiz Felipe Brigido Lage, da Vara Única de Bandeirantes, foi publicada no Diário da Justiça desta terça-feira (19). Com isso, os bens das empresas A&A Empreendimentos Imobiliários S/C Ltda e Nasa Park Empreendimentos Ltda foram liberados.
Acordo e valores contestados

O desbloqueio ocorre após um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre as empresas, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) e algumas vítimas do desastre. O acordo prevê o pagamento de R$ 1,305 milhão em indenizações, parcelado a cada quatro meses. Além disso, valores recusados por algumas vítimas serão depositados em juízo por até dois anos, caso decidam aceitar a proposta.
A advogada Alice Adolfa Zeni, representante da Nasa Park, afirmou que outra exigência do acordo também foi cumprida: a elaboração do Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas (Prade), concluído em janeiro.
No entanto, a decisão judicial gerou revolta entre os atingidos que não aceitaram o acordo, como a produtora rural Gabriele do Prado Lopes Bethencourt, de 34 anos. Sua fazenda foi totalmente destruída pelo rompimento, assim como as casas dos pais e do irmão. Apenas sua mãe aceitou a proposta de R$ 150 mil.
“Isso é um absurdo, chega a dar desespero, é um descaso enorme”, desabafou Gabriele. Segundo ela, a indenização oferecida pela empresa era insuficiente para cobrir os danos. “Queriam dar isso pela minha casa, um hectare, plantações, seis tanques de peixe, porcos, chiqueiro e a cerca”, reclamou.
A produtora entrou com ação na Justiça em dezembro e conseguiu uma tutela antecipada de R$ 6 mil, mas afirma que ainda não recebeu o valor. Enquanto isso, sua família segue morando de aluguel no bairro Coronel Antonino, tentando recomeçar a criação de porcos e retomar o plantio na fazenda.
Fonte:Campo Grande News