Jovem esperou por horas na Deam e foi orientada a voltar no dia seguinte para realizar corpo de delito.

Uma jovem de 23 anos, vítima de estupro coletivo, enfrentou uma longa espera para registrar a ocorrência na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam). Após passar a tarde no local, ela saiu sem conseguir fazer o exame de corpo de delito, pois o serviço já havia encerrado.
O crime ocorreu entre a noite de domingo (2) e a madrugada de segunda-feira (3), durante uma festa. Segundo o relato da vítima, ela recebeu um cigarro e, após fumá-lo, não se lembra do que aconteceu. Ao despertar no dia seguinte, sentia dores intensas e sangramento, o que a levou a tentar tirar a própria vida ingerindo uma grande quantidade de medicamentos. Socorrida e encaminhada para uma UPA, ela só conseguiu reunir forças para procurar a polícia na quinta-feira (6).
Mesmo sendo atendida pelo serviço psicossocial da delegacia, a jovem relatou a demora no atendimento. Além disso, foi informada de que precisaria retornar no dia seguinte para fazer o exame de corpo de delito. Ainda teria que passar pelo Centro de Atendimento Psicossocial (CAPS), devido ao protocolo para vítimas de tentativas de suicídio, mas dependia de transporte público e não sabia a que horas conseguiria chegar em casa.
O caso reforça críticas ao funcionamento da Casa da Mulher Brasileira, que deveria agilizar atendimentos a vítimas de violência. O Instituto de Medicina Legal (Imol), inaugurado no local no ano passado, atende apenas em horários limitados: das 7h às 13h e das 19h à 1h, de segunda a sexta-feira.
A demora no atendimento não é um caso isolado. Outra mulher, de 42 anos, que foi à unidade para consultar um processo de violência doméstica, também esperou por três horas, mesmo com poucas pessoas na fila.
A Prefeitura, responsável pela Casa da Mulher Brasileira, informou que a questão deve ser tratada pela Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). Já a Polícia Civil não se manifestou até o fechamento da reportagem.
Enquanto isso, o Ministério das Mulheres realizou uma reunião nacional para discutir melhorias nas unidades da Casa da Mulher Brasileira, mas a situação local não foi pauta central do encontro.
Fonte:Campo Grande News