Radialista camapuanense com raízes em Figueirão, ele construiu sua carreira inspirado por ícones do rádio e hoje é uma referência de voz, presença e humildade na programação local
Num dia especial, 25 de dezembro, enquanto famílias celebravam o Natal, um jovem nervoso se preparava diante de um microfone pela primeira vez. “Mal conseguia falar a hora”, lembra hoje, sorrindo ao reviver aquele momento. Era a estreia de Eliziário Costa nas ondas do rádio, e naquele instante nascia uma trajetória marcada por emoção, dedicação e uma imensa conexão com o povo de Camapuã e região.
Nascido em Figueirão, Eliziário cresceu em meio à terra, ajudando o pai na lida da roça e equilibrando os estudos com a rotina simples da zona rural. Mas mesmo ali, longe dos estúdios e das grandes cidades, uma paixão já pulsava forte: o rádio. “Desde a infância, eu gostava de ouvir rádio. Meus maiores ídolos foram Zé Betio, Edgar de Souza, Osvaldo Betio e José Castro.” Era ali, entre um intervalo e outro, que nascia o sonho de um menino que um dia também queria ser aquela voz que fazia companhia, informava e emocionava.
Com o tempo, o sonho virou missão. E a missão, profissão. Hoje, com mais de uma década de estrada, Eliziário mantém uma rotina de cuidado e preparo antes de cada entrada no ar:
“Todos os dias escuto várias músicas para enriquecer minha programação. Também acompanho outros radialistas, sempre tentando aprimorar meu jeito de fazer rádio. Quero oferecer uma experiência única aos meus ouvintes.”
E esse cuidado é sentido do outro lado da linha. A relação que construiu com seus ouvintes vai além da transmissão. É uma ponte direta com o coração das pessoas. “Meus ouvintes são muito participativos. Mandam mensagens, elogiam, conversam. Fora do ar, muitos me abordam na rua. Existe um carinho enorme.” Para ele, essa troca diária é o maior reconhecimento de que está no caminho certo.
Emociona lembrar de tantos momentos vividos ao vivo. Um dos mais marcantes? A entrevista com a lendária dupla Milionário e José Rico, ícones da música sertaneja, que o marcaram profundamente. “Foi uma honra indescritível. Um daqueles dias que você leva pra vida inteira.”
Mas nem só de alegrias vive a lida no rádio. Eliziário também já precisou comunicar perdas, ler notas de falecimento, interromper a música para dar más notícias. Nessas horas, ele se apega ao seu senso de responsabilidade. “Eu encaro como um bom profissional. Tento passar a informação com respeito, clareza e empatia.” Porque o radialista, mais do que uma voz, é alguém que precisa estar preparado para tudo.
Eliziário entende o seu papel com maturidade: “A missão do radialista é informar com sinceridade, honestidade e transparência. É também levar alegria, música boa e conforto às pessoas.” E quando pensa no impacto que tem no cotidiano das famílias, principalmente nas áreas rurais, seus olhos brilham.
“O rádio ainda é muito forte. Nas fazendas, nos comércios, nas casas. Você entra num lugar e escuta o radinho ligado na nossa emissora… isso toca o coração. Dá orgulho de saber que estamos presentes no dia a dia das pessoas.”
Ele acredita que, mesmo com o avanço das plataformas digitais como YouTube e Spotify, o rádio segue sendo essencial, especialmente em cidades como Camapuã. “É um veículo que informa e entretém. Que faz companhia de verdade.”
Ao final da conversa, com a humildade de quem nunca se deixou levar pela vaidade, ele deixa sua mensagem:
“Sou grato a todos. Respeito muito cada ouvinte que me acompanha nas programações. E, acima de tudo, agradeço a Deus por me permitir fazer o que amo. Ser radialista é mais do que um trabalho. É uma bênção.”
E assim segue Eliziário Costa: com a voz firme, o coração tranquilo e os pés fincados na terra onde cresceu. Um comunicador que leva emoção, notícia e música boa para os lares da região — e que continua sendo, todos os dias, uma presença amiga no ar.
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Eu o considero o melhor locutor e conhecedor da música sertaneja, especialmente as de raiz e de 30, 40 ou 50 anos passados.