Mesmo após quase duas décadas da Lei Maria da Penha, mais de 100 mil mulheres denunciaram violência psicológica só no último ano. O tipo mais comum de agressão continua sendo o mais invisível
Há exatos 19 anos era sancionada a Lei Maria da Penha, marco legal no combate à violência doméstica no Brasil. De lá para cá, avanços ocorreram. Mas um tipo de agressão segue crescendo de forma silenciosa e cruel: a violência psicológica.
Levantamentos recentes mostram que a maior parte das mulheres vítimas de violência no Brasil hoje não apanha — mas sofre ofensas, ameaças, humilhações, controle e manipulação emocional. E isso, aos poucos, destrói a autoestima e a liberdade dessas vítimas, que muitas vezes não conseguem sequer identificar que estão sendo violentadas.
📊 Os dados que ninguém pode ignorar:
•Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 31,4% das mulheres brasileiras sofreram violência psicológica em 2024.
•Isso equivale a mais de 27 milhões de mulheres em apenas um ano.
•Em 2023, o número de denúncias de violência psicológica no Ligue 180 ultrapassou 101 mil registros.
•O crime de stalking (perseguição) aumentou 34,5% em 2023, comparado ao ano anterior.
•Em abril de 2025, foi sancionada uma nova lei que aumenta a pena em 50% quando a violência psicológica for cometida com o uso de Inteligência Artificial, como áudios e imagens manipuladas para causar dor emocional.
😔 Ela nunca apanhou, mas chorava todos os dias
Violência psicológica acontece dentro de casa, no trabalho e até na internet. “Ele nunca me bateu, mas me fazia acreditar que eu era louca. Me isolava da minha família, controlava minha roupa, meu dinheiro e até o que eu comia”, conta uma vítima que preferiu não se identificar.
Esse tipo de violência, por não deixar marcas visíveis, costuma ser ignorado pela sociedade — e muitas vezes até pelas próprias vítimas. “É o tipo de agressão mais difícil de provar, mas o que mais destrói por dentro”, afirma uma psicóloga especializada em atendimento a mulheres.
📌 O que é considerado violência psicológica?
•Ameaças verbais ou indiretas
•Controle da vida da mulher (amigos, rotina, celular, finanças)
•Humilhação constante, xingamentos, chantagem emocional
•Isolamento da vítima (impedir de estudar, trabalhar ou ver familiares)
•Manipulação para causar medo, culpa ou dependência
🚨 Denuncie. Você não está sozinha.
Mulheres vítimas de qualquer tipo de violência podem procurar apoio por meio dos seguintes canais:
•Ligue 180 (Central de Atendimento à Mulher – gratuito e 24h)
•Delegacia da Mulher mais próxima
•Aplicativo Direitos Humanos Brasil
•Casa da Mulher Brasileira (presente em várias capitais, incluindo Campo Grande)
✊ Reflexão final:
19 anos depois, a Lei Maria da Penha continua sendo uma das legislações mais completas do mundo no combate à violência doméstica. Mas os números mostram que a luta está longe de acabar. Enquanto milhares de mulheres ainda choram em silêncio, o grito da denúncia precisa ser amplificado.
Violência não é só tapa. Violência também é palavra.