Leka e Antônio voltam ao local onde suas vidas foram salvas e relatam gratidão profunda aos profissionais do SAMU

Episódio final da série especial “SAMU Camapuã – Salvando Vidas” / Por Flávio Dias e Ana Silva
Dois reencontros. Duas histórias que poderiam ter terminado em tragédia. Mas graças ao trabalho rápido e preciso do SAMU de Camapuã, viraram relatos de superação, fé e gratidão.
No episódio final da série especial produzida pelo Navega MS, acompanhamos os relatos emocionantes de Maria Angélica Aparecida — a Leka, sobrevivente do acidente que matou duas atletas camapuanenses, e de Antônio Marcos Maidana Corrêa, que sobreviveu a um choque de 34 mil volts.

Ambos foram salvos pelo SAMU e, meses depois, retornaram para abraçar quem os ajudou a continuar vivos.
“Eu sou um milagre”: a história de Leka
O acidente aconteceu na noite de 08 de dezembro de 2024, quando o time feminino de futebol de Camapuã retornava de uma partida em São Gabriel do Oeste. O micro-ônibus em que estavam colidiu violentamente com um caminhão na BR-163, nas proximidades do Posto São Pedro.
O impacto foi brutal. O ônibus teve parte da estrutura arrancada, e o cenário era de devastação: atletas feridas, gritos por socorro, partes do veículo espalhadas pela pista. Duas jovens, Kamilly e Marcela, perderam a vida. Leka, mãe da também atleta Júlia, estava entre as mais feridas.
“Lembro de um clarão e uma buzinada. Levei a mão ao rosto… e depois, só flashes. Desmaiei. Acordava e desmaiava, sem saber onde estava.”
Mesmo desacordada em boa parte do trajeto, ela conseguiu reconhecer a filha caída no chão — e viu que estava viva. A cena ficou marcada em sua memória.
“A Sarah me segurava na maca, mas ao mesmo tempo olhava a Aline, que estava no chão. Ela não podia me soltar. Gratidão é pouco. Se eu tô viva, é por Deus e por eles.”
A equipe do SAMU agiu com rapidez, mesmo diante do grande número de vítimas. Leka foi estabilizada e levada inicialmente ao Hospital de Camapuã. Em seguida, foi transferida para a Santa Casa de Campo Grande, onde ficou internada por 26 dias — sete deles entubada. Durante esse período, passou por cirurgias no baço e no braço.
“Quando acordei no CTI, a primeira pessoa que vi foi a Júlia. Ela disse: ‘Menina, eu vim te ver’. Aquilo me trouxe de volta à vida.”
Leka sobreviveu, mas carrega marcas emocionais profundas. Sua filha, Júlia, ainda luta contra o trauma da perda da amiga. Ambas, no entanto, celebram a vida com outros olhos.
“Hoje, tudo tem valor. Eu não deixo nada pra depois. A gente não sabe o que pode acontecer.”
O reencontro com Sarah, técnica de enfermagem que a acompanhou desde o local do acidente até a transferência para Campo Grande, foi um momento de forte emoção.
“Abracei ela e chorei. Eu precisava olhar nos olhos dela e agradecer.”
“Foram 34 mil volts. Se não fosse o SAMU, eu não estaria aqui”: a história de Antônio
Antônio Marcos Maidana Corrêa, natural de Goiás, vivenciou um dos acidentes mais extremos já registrados na região. No dia 6 de julho de 2020, ele parou em um posto entre Água Clara e Camapuã para apertar a cinta da colheitadeira que transportava.
Ao subir no veículo, um arco elétrico de 34 mil volts saltou da rede de energia e o atingiu, mesmo sem contato direto. Antônio caiu de uma altura de quatro metros e ficou inconsciente. Ele teve fraturas na coluna e cabeça, além de queimaduras severas.
“A gente estava a uns seis metros da rede. Mas mesmo assim, a energia ‘pulou’ até mim. Foi na hora.”
O colega de trabalho e um borracheiro do posto foram os primeiros a socorrer, iniciando massagem cardíaca e tentando liberar as vias respiratórias, pois Antônio havia engolido a língua. O SAMU foi acionado e chegou em poucos minutos.
“Fui entubado ali mesmo. Me colocaram no oxigênio e fui direto pra Santa Casa.”
Antônio ficou 22 dias em coma, cinco meses internado, passou por 19 cirurgias na cabeça e dois anos em reabilitação intensiva. O processo de recuperação foi doloroso e lento. Ele ficou com deficiência física permanente: teve a coluna quebrada em três lugares, sofreu queimaduras que atingiram 15% do pulmão e perdeu parte da visão devido a queimaduras nas retinas. Quase precisou amputar a perna direita e, mesmo após cinco anos do acidente, ainda sente formigamento constante nas mãos e nos pés.
“No começo eu nem sentava. Depois, cadeira de rodas. Depois, andador. Só depois de um ano e três meses consegui andar de novo.”
Hoje, Antônio não corre, não anda rápido e carrega cicatrizes profundas. Mas caminha, vive e trabalha. Anos depois, ao retornar a Mato Grosso do Sul, ele fez questão de passar por Camapuã para procurar a equipe do SAMU.
“Perguntei num posto onde ficava o SAMU. Quando achei, fui até lá. Abracei um dos socorristas. Foi o abraço da minha vida.”
A emoção do reencontro foi indescritível. Para ele, o SAMU representa mais do que um serviço de emergência.
“O SAMU me deu uma nova chance. Um milésimo a mais e eu não estaria aqui.”
Emoções que fecham um ciclo
As histórias de Leka e Antônio são diferentes nos detalhes, mas idênticas na essência: gratidão profunda, fé inabalável e o desejo de viver com mais intensidade.
“Eles saem sem saber quem é a vítima. Quando vê, é um amigo, um conhecido. Não é só um trabalho, é amor ao próximo.” — Leka
“Se não fosse o SAMU, hoje eu estaria enterrado. Eles são anjos de farda. Eu agradeço todos os dias.” — Antônio
SAMU Camapuã – mais do que socorro
Com sede na Rua Brasil, 327, o SAMU de Camapuã funciona 24 horas por dia, atuando em acidentes de trânsito, traumas graves, transferências intermunicipais e emergências clínicas.
Coordenado por Luciran Oliveira, o serviço já atendeu dezenas de ocorrências de alta complexidade — como o acidente com os trabalhadores da Pontinha do Cocho e a tragédia com as atletas.
“A gente nunca sabe o que vai acontecer quando toca o telefone. Tem dia que é calmo, tem dia que são seis capotamentos em poucas horas. Mas estamos prontos. Sempre.” — Luciran

Ao longo desta série, o Navega MS revelou os bastidores desse serviço essencial, ouvindo coordenadores, técnicos, sobreviventes e testemunhas. Foram momentos de dor, luta e vitória.
Gratidão em cada reencontro
Encerrar essa série é como fechar um livro de histórias reais onde a coragem, a competência e o espírito humano prevalecem. O reencontro de Leka e Antônio com seus socorristas não é apenas um gesto de gratidão. É um símbolo de que o trabalho do SAMU transforma destinos.
Talvez o mundo não lembre todos os nomes. Mas quem foi salvo, nunca esquece.
“A vida não tem reprise. Quem salva, merece ser lembrado.”
📞 EMERGÊNCIA?
SAMU CAMAPUÃ
📍 Rua Brasil, 327
📲 Ligue 192 – Atendimento 24h
🎙️ Produção: Navega MS
📅 Episódio final da série “SAMU Camapuã – Salvando Vidas”
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