Acidente na MS-436 expõe fragilidade da infraestrutura viária e reforça a necessidade de melhorias nas rodovias brasileiras, mesmo em trechos sem obras

Nos primeiros quatro meses de 2025, mais de 140 pessoas já ficaram feridas em acidentes envolvendo ônibus em diferentes estados brasileiros, acendendo um alerta sobre a precariedade das rodovias do país. Um dos casos mais recentes ocorreu na manhã desta terça-feira (29), quando um ônibus que transportava 36 trabalhadores de Camapuã para uma fazenda de eucaliptos em Figueirão caiu de uma ponte na rodovia MS-436, no distrito da Pontinha do Cocho, a cerca de 140 km de Campo Grande. O acidente deixou 35 feridos e evidencia os riscos existentes mesmo em trechos com obras em andamento.
Segundo a Polícia Militar, o acidente mais recente, o de Camapuã, aconteceu quando o pneu dianteiro do ônibus estourou ao passar por um buraco na junção entre o asfalto e a ponte. Esse imprevisto fez com que o motorista perdesse o controle do veículo, que despencou no rio ao romper a barreira de proteção lateral.

Equipes de socorro de Camapuã, Figueirão e do Corpo de Bombeiros de Costa Rica foram mobilizadas. 16 vítimas foram levadas ao Hospital Municipal de Camapuã, enquanto 19 receberam atendimento médico em Figueirão. Três dos pacientes atendidos em Camapuã foram transferidos para a Santa Casa de Campo Grande com ferimentos mais graves.
O diretor clínico do hospital de Camapuã, Dr. Fernando Ribeiro, esclareceu o quadro dos pacientes em entrevista ao NavegaMS, desmentindo boatos de óbitos.
“Vieram para cá 16 pacientes. Um deles era o motorista, que teve uma fratura grave na tíbia direita e um corte no supercílio, além de traumatismo craniano. Foi transferido para Campo Grande. Os outros dois transferidos também tinham lesões importantes: um com fratura em três costelas e outro com luxação de clavícula. O restante, felizmente, já foi liberado”, afirmou o médico.

A tragédia repercutiu nacionalmente, ganhando destaque na edição do Jornal Hoje, da TV Globo, que abordou a gravidade do caso e a precariedade estrutural das rodovias, inclusive aquelas que estão passando por obras.
O trecho da MS-436 onde ocorreu o acidente está sendo recapeado. De acordo com informações oficiais do Governo de Mato Grosso do Sul, estão sendo investidos mais de R$ 131 milhões na restauração de 61,9 km da via entre Camapuã e Alcinópolis. Apesar das obras, motoristas que passam frequentemente pela região relatam buracos, desníveis e ausência de sinalização, especialmente na transição entre as pistas e as pontes.
O caso de Camapuã não é isolado. Em 2025, mais de 140 pessoas já ficaram feridas em acidentes com ônibus, conforme levantamento baseado nos principais casos divulgados pela imprensa. Veja alguns exemplos:
• Rodovia Waldir Canevari (SP) – fevereiro: colisão entre ônibus universitário e carreta deixou 12 mortos e 19 feridos;
• RSC-453 (RS) – março: ônibus com estudantes caiu em ribanceira, causando 7 mortes;
• MG-223 (MG) – abril: tombamento de ônibus provocou 11 mortes e 36 feridos.
Esses episódios mostram que, mesmo em estradas com obras em andamento, a execução mal planejada, a falta de sinalização adequada e a má conservação seguem colocando vidas em risco.
É urgente que os investimentos em infraestrutura viária no Brasil não se limitem à pavimentação, mas incluam planejamento técnico, manutenção regular, fiscalização efetiva e atenção aos detalhes que evitam tragédias — como o buraco que levou ao acidente da MS-436.