Juiz reforça dolo eventual e nega liberdade; acusado chorou ao ouvir decisão

A Justiça de Mato Grosso do Sul negou, nesta segunda-feira (10), o pedido de liberdade do estudante de medicina que atropelou e matou a corredora Danielle Correa de Oliveira, de 41 anos, na MS-010, em Campo Grande, no último dia 15 de fevereiro. O jovem está preso desde o dia do crime, e a audiência de custódia confirmou a manutenção da prisão preventiva.
O juiz Aluizio Pereira argumentou que a nova tipificação do crime — agora tratado como homicídio com dolo eventual — justifica a permanência do acusado na cadeia. “Deixou de ser um simples acidente, como a defesa sustenta, e passou a ser um crime com potencial intenção, considerando a embriaguez e a conduta do réu”, destacou o magistrado na decisão.
O entendimento segue precedentes de outros casos similares julgados pela 2ª Vara do Júri, em que motoristas alcoolizados causaram mortes e tiveram a prisão preventiva mantida. O juiz reforçou que, mesmo sem antecedentes criminais, a gravidade da conduta exige medidas rígidas.
Acusado chorou ao ouvir decisão
Durante a audiência, um vídeo registrou o momento em que o estudante, de cabeça baixa, desabou em lágrimas ao ouvir a decisão que negava sua liberdade. Ele se recusou a fazer o teste do bafômetro na ocasião do crime, mas apresentava sinais evidentes de embriaguez. No carro do acusado, a polícia encontrou latas e garrafas de cerveja, além de uma pulseira de uma casa noturna, sugerindo que ele havia consumido álcool horas antes do acidente.
Danielle Correa treinava com um grupo de corredores para uma maratona quando foi atingida pelo veículo desgovernado. Testemunhas relataram que o motorista estava completamente desorientado.
Testemunha denuncia impunidade
A publicitária Gisele Dias, que participava do treino com Danielle no momento do atropelamento, afirmou que o jovem estava completamente confuso sobre sua localização. “Ele dizia que estava indo para casa, mas falava lugares diferentes toda hora. Na verdade, ele estava muito longe de onde pensava que estava”, relatou.
Gisele ainda criticou a legislação brasileira, argumentando que crimes como esse deveriam ser considerados hediondos. “Não dá para uma pessoa se embriagar, pegar o carro, atropelar e matar alguém e, depois, simplesmente voltar para casa como se nada tivesse acontecido. Isso precisa mudar”, desabafou.
O caso segue em investigação, e o estudante de medicina continua preso enquanto aguarda julgamento.