Em 2025, Mato Grosso do Sul já registra 11 feminicídios, refletindo uma crise de violência de gênero que desafia políticas públicas e escancara falhas na proteção às mulheres

A dor que se repete: 11 mulheres assassinadas em menos de cinco meses
Mato Grosso do Sul enfrenta uma epidemia silenciosa e devastadora: o feminicídio. Em 2025, já são 11 mulheres assassinadas por companheiros ou ex-companheiros, segundo dados da Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). O número iguala o total de casos registrados em todo o ano anterior, evidenciando a escalada da violência de gênero no Estado.
As vítimas têm perfis diversos: diferentes idades, escolaridades e contextos familiares. No entanto, todas compartilham um trágico desfecho: foram assassinadas por homens que diziam amá-las. Casos como o de Karina Corim, morta a tiros pelo ex-marido em Caarapó, e Vanessa Ricarte, jornalista assassinada a facadas pelo ex-noivo em Campo Grande, chocaram a sociedade e expuseram falhas no sistema de proteção às mulheres.
Violência doméstica: um ciclo que termina em morte
A violência contra a mulher em Mato Grosso do Sul não se limita aos casos de feminicídio. Em menos de dois meses de 2025, quase 3 mil mulheres procuraram a polícia para relatar serem vítimas de violência doméstica, uma média de 56 por dia. O principal local onde os crimes acontecem mostra que mulheres não estão seguras dentro de casa e nem com aqueles que um dia confiaram.
A falta de efetividade nas medidas protetivas agrava a situação. Em Campo Grande, por exemplo, apenas 10 oficiais de justiça são responsáveis por cumprir mandados relacionados à Lei Maria da Penha, incluindo a retirada de agressores de dentro de casa. Com uma média de 400 medidas protetivas emitidas por semana, o sistema se mostra sobrecarregado e ineficaz.
Políticas públicas e a urgência de ações efetivas
Diante da escalada da violência, o governo estadual instituiu o Dia Estadual de Combate ao Feminicídio, celebrado em 1º de junho, e lançou o Plano Estadual de Combate ao Feminicídio, que visa sensibilizar a sociedade e promover ações de prevenção. Além disso, está em tramitação na Assembleia Legislativa o Projeto de Lei 27/2025, que propõe um protocolo integrado de enfrentamento à violência contra as mulheres, com medidas de cuidado, alerta e proteção.
No entanto, especialistas alertam que, sem a devida implementação e fiscalização dessas políticas, os números tendem a continuar crescendo. A sociedade civil, por sua vez, tem se mobilizado por meio de manifestações e campanhas de conscientização, exigindo ações concretas e imediatas para proteger as mulheres sul-mato-grossenses.
Um chamado à ação
O feminicídio em Mato Grosso do Sul é uma triste realidade que não pode ser ignorada. É imperativo que o poder público, a sociedade civil e todos os setores da sociedade se unam para combater essa violência e garantir que nenhuma mulher mais seja vítima da violência de gênero. A vida das mulheres depende disso.
Se você ou alguém que você conhece está em situação de violência, denuncie. Ligue 180 ou procure a delegacia mais próxima. Sua vida importa.