Com maior demanda nos últimos anos para babá de pet, a profissão deixa de ser uma renda extra para fixa entre a categoria

Pet sitter, traduzido livremente do inglês, significa “babá de pet”. A atividade, que antes era considerada uma forma de obter renda extra, é atualmente vista como uma profissão fixa e tem atraído cada vez mais profissionais. E não é por menos: em Campo Grande, a remuneração pelo serviço em alta temporada pode totalizar R$ 10 mil.
Um dos exemplos de maior amplitude deste mercado é o da pet sitter Pâmela Ponce Martins, que veio para a Capital há um ano para atuar na área. Contudo, ela começou a atividade há sete anos em Campinas, São Paulo, quando precisou de uma renda extra para fazer o doutorado.
Pâmela continuou investindo na atividade e, com a irmã Monique Ponce Martins, criou uma cartela de clientes na Ponce Pet Care. O melhor período para lucrar é durante as férias de fim de ano.
“Nosso principal meio de divulgação é por indicação, mas, além disso, temos uma página no Instagram para divulgação do trabalho e também deixamos cartões de visita com algumas clínicas veterinárias parceiras. Em períodos de baixa temporada, o valor que tenho tirado está em torno de R$ 1,5 mil a R$ 2 mil por mês”, descreve.
Perrengues
Engana-se quem acredita que é uma profissão fácil. Pâmela “coleciona” cicatrizes de arranhões e mordidas. Ela relembra que já se acostumou com gatos e cães agressivos.
“Tive um atendimento em uma casa com três cachorras que brigavam bastante e era bem difícil separar. Esse atendimento acabou me dando uma cicatriz na perna. Ainda assim, gostava muito de estar com elas. Tivemos que acompanhar outro gato em uma cirurgia de emergência, que foi uma das situações mais delicadas que passamos, por exigir acompanhamento mais frequente. Teve necessidade de diária e pernoite com ele. Mas deu tudo certo. Como atuamos em dupla, fica mais fácil lidar com imprevistos.”
A dupla realiza uma visita de ambientação antes de assumir a tutoria do animal, indo até as casas dos clientes para conhecer o bichinho, conferir a alimentação e os cuidados diários. Além disso, elas pedem aos tutores que mantenham a vacinação e a vermifugação dos pets em dia.
“Nessa primeira visita, já tentamos uma aproximação com cada pet. Em casos de pets mais reclusos e antissociais, nós refazemos essa aproximação nas visitas seguintes, com petisco e certos cuidados no nosso comportamento, para entenderem que estamos ali como amigas. Na maioria das vezes, temos sucesso na aproximação; são raros os casos em que não conseguimos fazer amizade”.
O carinho é gratificante
“A maior gratificação é fazer amizade com eles. É ótimo ver a evolução da nossa ligação com eles na ausência dos tutores. E saber que eles estão felizes, recebendo carinho e atenção mesmo longe dos seus donos”.
Para Monique, a atividade é a principal fonte de renda. O talento para cuidar dos pets foi descoberto após a tutoria da cachorrinha de uma prima, que logo a aconselhou a trabalhar nessa área. Ela fez curso para iniciar os atendimentos há seis anos.
“Acho que o que todo pet sitter mais espera é que o animal goste da gente e se torne nosso amigo. Já tive vários tutores que disseram que o gatinho não iria socializar comigo, mas com muita paciência e carinho, eles sempre se soltaram e é uma alegria imensa ver eles confortáveis com a gente”.
Babá até de galinha
Ketyane de Lima Fonseca é pet sitter há quase três anos. Ela deixou de ser auxiliar veterinária para ser exclusivamente babá de pets, após notar a dificuldade dos tutores em manter os cuidados essenciais do tratamento após sair da clínica, por exemplo, dar a medicação na hora exata ou refazer os curativos.
Aliás, ela encara qualquer tutoria, desde galinhas até coelhos. Um dos xodós de Ketyane é a galinha Matilda. Em um dos registros de arquivo da pet sitter, a galinha laranjada pula do telhado da casinha para “cumprimentar” ao notar a chegada da cuidadora.
“Cuidar de animais diferentes é bem divertido. Sou uma apaixonada pela profissão. Todos exigem um cuidado especial. Lógico que tem alguns que é muito divertido cuidar, outros se tornam muito interessantes. O mercado é ótimo, porém o fato de estar sempre atualizada em cuidados especiais é muito importante”.
Dedicação exclusiva aos pets
Além dos pets exóticos, Ketyane trabalha quase toda a semana. O ganho mensal, dependendo da demanda e do período, varia de R$ 4 mil a R$ 10 mil — tarefa que exige conhecer o tutor com antecedência, o ambiente e a rotina que o animalzinho vive.
“Após a saída do hospital, acabei ficando surpresa com a procura pelos meus serviços, até mesmo por indicação de outros veterinários. Temos uma grande procura em períodos de feriados prolongados, férias e fim de ano, já dando início no mês de outubro até janeiro. Temos clientes bem exigentes, porém temos uma grande procura que vem por indicação de outros tutores e de veterinários que acabam encaminhando seus pacientes”.
Portanto, não basta só amar os animais para ser babá de pets. Como em qualquer profissão, é fundamental ter qualificação, responsabilidade e dedicação.
Fonte: MidiaMax