Denúncia de influenciador sobre “algoritmo P” mobiliza Congresso e expõe necessidade de ação imediata para proteger crianças no ambiente digital.

A denúncia feita pelo influenciador digital Felca (Felipe Bressanim Pereira) sobre a chamada adultização e sexualização infantil nas redes sociais ultrapassou 30 milhões de visualizações e provocou forte reação no Congresso Nacional. O vídeo, que viralizou em poucos dias, expõe o funcionamento de um suposto “algoritmo P”, que favoreceria a disseminação de conteúdos com menores em situações sugestivas.
A advogada Patrícia Castro, de Camapuã, alerta que o problema é mais grave do que parece. Segundo ela, quando as plataformas identificam interesse de usuários por esse tipo de material, passam a recomendar mais conteúdos semelhantes, criando um ciclo perigoso que pode ser explorado por criminosos.
“Esse mecanismo acaba alimentando um mercado sombrio e invisível para muitos. Estamos falando de vidas e de infâncias sendo colocadas em risco por causa da lógica de recomendação de conteúdo”, afirmou.
A repercussão no caso fez com que a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e o senador Jaime Bagattoli (PL-RO) protocolassem um pedido de CPI para investigar a exploração infantil nas redes, que já conta com 70 assinaturas. A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) também solicitou audiência pública para ouvir o influenciador, representantes do Ministério Público, Polícia Federal e das plataformas digitais. Na Câmara, o presidente Hugo Motta anunciou que dará prioridade a projetos que regulamentem o uso das redes por crianças e adolescentes. Atualmente, 29 propostas sobre o tema tramitam no Legislativo.
O debate uniu parlamentares de diferentes espectros políticos. Erika Hilton (PSOL-SP) elogiou Felca por acionar a Polícia Federal. Nikolas Ferreira (PL-MG) afirmou que o influenciador “mexeu no vespeiro”. Guto Zacarias (União-SP) destacou a coragem de expor um “mercado macabro”, e Damares Alves reforçou a urgência em investigar o caso.
Para Patrícia Castro, os riscos da sexualização precoce são profundos e duradouros.
“Esse tipo de exposição prejudica o desenvolvimento emocional, aumenta as chances de abuso e compromete a saúde mental das crianças. Não podemos fechar os olhos para o que acontece no ambiente digital, pois ele é tão real quanto o físico”, pontuou. Ela ressalta que a proteção integral prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente deve ser plenamente aplicada também no mundo virtual.

A advogada enfatiza que pais e responsáveis têm papel fundamental na prevenção.
“Não basta apenas confiar nas plataformas ou esperar que as leis resolvam tudo. É preciso estar presente, dialogar com as crianças e agir diante de qualquer conteúdo suspeito. Proteger a infância é um dever coletivo e inadiável”, concluiu.