🎙️Vozes de Camapuã: Conheça Jair Rodrigues, a voz que virou família para os camapuanenses

Série especial: “Vozes de Camapuã” apresenta os bastidores, lembranças e emoções de quem faz o rádio ser tão presente na vida do povo

“Quando não escutam minha voz de manhã, já tem gente mandando mensagem: ‘Ô Jair, cadê você?’. É aí que a gente vê: o rádio ainda é coração pulsando no interior”, diz com emoção o locutor Jair Rodrigues, figura emblemática das manhãs camapuanenses.

A história de Jair com o rádio começa longe dos microfones — e bem próximo do campo. Ele cresceu numa fazenda entre Pontinha do Cocho e Santa Tereza, onde energia elétrica era artigo raro. “A gente vivia à base de lamparina e lampião. O rádio era nossa única companhia. Era o jornal, a novela, o vizinho e o amigo ao mesmo tempo”, relembra.

Na série especial “Vozes de Camapuã”, Jair é o retrato vivo da paixão do povo pelo rádio. Sua trajetória nas ondas sonoras começou nos anos 2000, quando a cidade ganhou sua primeira rádio comunitária FM. “Tímido demais”, como ele mesmo conta, enfrentou o medo do microfone com coragem: “Era uma briga entre o sonho e a timidez. Mas o sonho venceu”.

De lá pra cá, passou pelas três rádios da cidade e também pelas emissoras de Bandeirantes e Chapadão do Sul:

“Camapuã tem algo diferente. Aqui o povo ama rádio de verdade. Gosta do modão, gosta da notícia da cidade, gosta de ligar e pedir música. Aqui ainda existe aquele contato humano, sabe?”, diz.

Ele se lembra com carinho do dia em que tudo mudou: “Eu estava há uma semana na rádio, só aprendendo ali nos bastidores. De repente, chega o Mário da Gazin com o gerente. Não tinha ninguém pra fazer a entrevista. Foi no susto. Entrei no ar sem saber direito quais botões mexer. Mas entrei. E foi ali que virou a chave. Pensei: ‘Agora eu sou mesmo locutor’”.

Seu programa, no ar de segunda a sábado a partir das 8h da manhã, se tornou líder de audiência. Mas Jair vê além dos números: “Hoje, os ouvintes não são só ouvintes. São minha família. Eu passo minhas manhãs com eles. E eles passam as manhãs comigo”.

Mesmo em tempos de redes sociais, ele acredita no rádio como elo insubstituível:
“A dona de casa não tá no Instagram. O peão na oficina não tá vendo story. Mas o rádio tá lá, ligado. Tá no fundo da loja, na caminhonete, no fogão a lenha. O rádio ainda fala com o coração do povo”.

Sobre o futuro do rádio em Camapuã, ele é otimista: “Ainda tem pelo menos uns 10, 15 anos de magia pela frente. Enquanto tiver gente querendo conversar, pedir moda, ouvir a previsão do tempo, o rádio vai continuar forte aqui”.

E quando questionado sobre o que gostaria de dizer ao público que o acompanha todos os dias, sua resposta é direta e sincera:

“A palavra é gratidão. Gratidão mesmo. Pelo carinho, pelas mensagens, pelos presentes. Por me acolherem como parte da família de vocês. É por isso que acordo feliz todo dia pra ligar o microfone”.